domingo, 27 de dezembro de 2015

Auto Ônibus Circular S.A.

A primeira referência que temos da empresa é através de um Manifesto de Incorporação e de um Projeto dos Estatutos da Auto Ônibus Circular S/A.

Em seus conteúdos pudemos conhecer a localização de sua sede à Av. Aparício Borges, nº 207, sobreloja grupo 204, em local atualmente inexistente. 

Ela recebeu concessão para explorar as linhas circulares Largo da Lapa, que tinham os seguintes itinerários:

- Linha A: Largo da Lapa, Rua do Passeio, Rua Santa Luzia, Largo da Misericórdia, Ministério da Agricultura, Aeroporto Santos Dumont, Mercado Municipal, Rua Clap, Praça 15 de Novembro, Rua 1º. de Março, Rua Visconde de Itaboraí, Rua Visconde de Inhaúma, Av. Rio Branco, Praça Mauá, Rua do Acre, Av. Marechal Floriano, Estrada de Ferro, Av. Presidente Vargas, Rua de Santana, Rua do Riachuelo e Largo da Lapa; e

- Linha B: Largo da Lapa, Av. Mem de Sá, Rua de Santana, Av. Presidente Vargas, Rua 1º. de Março, Praça 15 de Novembro, Rua Clap, Mercado Municipal, Ministério da Agricultura, Largo da Misericórdia, Rua Santa Luzia, Av. Presidente Wilson, Praça Paris, Rua Teixeira de Freitas e Largo da Lapa.  

Teriam como seções: Largo da Lapa, Praça 15 de Novembro e Estrada de Ferro, porém sem informações sobre propostas de valores das passagens e número das linhas.

(Diário de Notícias, 16/03/1946)

No mês seguinte, novos Manifesto de Incorporação e Projeto dos Estatutos da Auto Ônibus Circular S/A são publicados.

Neles pudemos observar que foram definidos dois números para as linhas, 75 e 79, tendo seus pontos iniciais e finais na Estrada de Ferro, não mais na Lapa como inicialmente, mas ainda sem os preços para as seções e com seus itinerários alterados para:

- Linha 75: Estrada de Ferro, Av. Presidente Vargas, Rua de Santana, Rua Riachuelo, Largo da Lapa, Rua do Passeio, Rua Santa Luzia, Largo da Misericórdia, Ministério da Agricultura, Aeroporto Santos Dumont, Mercado Municipal, Rua Clap, Praça 15 de Novembro, Rua 1º. de Março, Rua Visconde de Itaboraí, Rua Visconde de Inhaúma, Av. Rio Branco, Praça Mauá, Rua do Acre, Av. Marechal Floriano e Estrada de Ferro.  

- Linha 79: Estrada de Ferro, Av. Presidente Vargas, Rua 1º. de Março, Praça 15 de Novembro, Rua Clap, Mercado Municipal, Ministério da Agricultura, Largo da Misericórdia, Rua Santa Luzia, Av. Presidente Wilson, Praça Paris, Rua Teixeira de Freitas,  Largo da Lapa, Av. Mem de Sá, Rua de Santana, Av. Presidente Vargas e Estrada de Ferro.

Teriam como seções: Largo da Lapa, Praça 15 de Novembro e Estrada de Ferro.

(Diário de Notícias, 16/04/1946)

Após estes dois documentos conjuntos, a empresa começou a realizar, com uma frequência mensal, reuniões para assembleias, com o intuito de tratar de definição de cargos internos, aumento de capital da sociedade – principalmente para aquisição de mais veículos –, avaliação de balancetes, etc., entre 1946 e 1949, como mostra este exemplo a seguir.

(Diário de Notícias, 14/05/1946)

Eis a única matéria que encontramos sobre acidentes com veículos da empresa, um atropelamento.

(A Manhã, 16/11/1946)

Ficha usada pela Circular.


Eis o primeiro balancete da empresa, para o período de 1946, onde vemos que a saúde da empresa estava boa e com parecer do Conselho Fiscal, para aprovação.

(Diário de Notícias, 11/07/1947)

Identificamos por este anúncio para contratação de vários tipos de profissionais da área, que sua garagem era na Rua Teotônio Regadas, nº 25-27, na Lapa.

(Jornal do Brasil, 15/05/1948)

Porém em 1949, uma convocação extraordinária muda a trajetória da empresa, convidando seus acionistas para a liquidação da Circular.

Em outro recorte, temos o parecer do Conselho Fiscal sobre a reunião de liquidação da empresa – solicitada pelo seu próprio presidente –, onde é declarada a aprovação de sua liquidação, devido ao alto valor total da dívida com seu presidente.

A conclusão que chegamos, apesar de não o possuirmos. é que o balancete não tenha sido muito a gosto do seu presidente, o que originou a solicitação de liquidação da empresa. 

(Correio da Manhã, 01/12/1949)

(Correio da Manhã, 01/12/1949)

Posteriormente é emitido, pelo liquidante, um relatório final, onde é dito claramente que o que foi arrecadado não pagou as dívidas que a empresa tinha com o seu presidente. O último balancete foi referenciado, mas não temos como confrontá-lo.

(Correio da Manhã, 02/12/1949)

Nesses dois últimos recortes, em 1953, é citada a empresa junto com outras onze, como sendo empresas falidas, cujas falências foram causadas pela redução dos preços das passagens e provável aumento em peças e combustíveis.

Mas independente da data de emissão deste jornal, a empresa foi liquidada em 1949.

(A Noite, 30/10/1953)

Mais uma empresa carioca de curta duração que deve ter falido pelo mesmo motivo que outras faliram.

[Pesquisa de Eduardo Cunha e Claudio Falcão]

2 comentários:

  1. Prezado Eduardo, segundo algumas pesquisas realizadas a Auto Circular recebeu da Prefeitura permissão para esticar a linha 79 até a Penha, passando a ser Lapa x Penha, depois esticada até Brás de Pina e, posteriormente, até Cordovil. Ao mesmo tempo, a linha 75 foi extinta. Vale a pena verificar. Abraços, Antonio Sérgio.

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    1. Desconhecia essas informações e gostaria de confirmá-las. Você tem mais algum detalhe para eu tomar como base e poder divulgar estas informações? Grato.

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