domingo, 18 de janeiro de 2015

Viação São José

Duas matérias atrás, mostramos a aquisição da Auto Viação São José por Francisco Conte, onde em 1933 e 1934 duas linhas foram estabelecidas, Realengo x Fazenda Bananal e Campo Grande x Bangu. Em ambos os termos o nome da empresa já havia sido trocado para Viação São José. Ou seja, a partir de 1933 a empresa iniciou suas atividades.

Com o primeiro Termo Aditivo, assinado em 27 de junho de 1933 por Francisco Conte, proprietário e razão social da Viação São José, faria a linha Realengo x Fazenda do Bananal e vice-versa. Essa linha posteriormente transformou-se na S-42, circulando até 1939.

Seu itinerário era: Estação de Realengo, Rua Bernardo Vasconcellos, Rua Princesa Isabel, Rua Oliveira Braga, Rua Imperador, Rua Nepomuceno, Largo do Boscus, Rua Limites, Rua do Governo e Fazenda Bananal, tendo como seções, Estação de Realengo ao Largo do Boscus, $200 (duzentos réis) e deste ponto à Fazenda Bananal, $200 (duzentos réis) (1).

O segundo Termo Aditivo, assinado em 19 de janeiro de 1934, também por Francisco Conte, teve como objetivo a exploração da linha Bangu x Campo Grande, que pode ter se tornado a S-45, operada a partir de 1940 pela Viação Vera Cruz.

Tinha como itinerário: Estação de Campo Grande, Rua Coronel Agostinho, Estrada de Santa Cruz, Estrada Rio - São Paulo, até a Estação de Bangu e vice-versa.

E suas seções foram: Estação de Campo Grande ao Caroba, $200 (duzentos réis); Caroba à Estação de Senador Vasconcellos, $200 (duzentos réis); Estação de Senador Vasconcellos ao Lameirão K. 20, $200 (duzentos réis); Lameirão K. 20 a Santíssimo, $200 (duzentos réis); Santíssimo à Fazenda do Viegas (poste 104), $200 (duzentos réis); Fazenda do Viegas à Circular bomba de gasolina, $200 (duzentos réis); Circular à Estação de Bangu, $200 (duzentos réis). A passagem direta custava 1$000 (hum mil réis) (2).

Sua garagem era na Estrada Rio - São Paulo, nº 1.173, em Campo Grande.

A próxima matéria mostra a apreensão de vários veículos das três empresas que circulavam em Campo Grande, as Viações São José e Mendanha e a Transporte Guaratiba, devido a vários motivos que ofereciam graves perigos à população.

(O Globo, 08/03/1937)

Conforme matéria anexa, podemos ver a constituição da União das Empresas de Ônibus do Distrito Federal, com seus principais representantes, e também a relação das empresas que participavam daquela associação.

Na mesma, na parte direita em baixo, aparecem duas imagens do mesmo veículo da São José, já com o letreiro de operação da linha Campo Grande x Ponte Coberta, à época antigo estado do Rio de Janeiro, mas que detinha o número S-54.

Essa linha, que já existia em 1939, solicitou permissão para fazer trafegar mais um carro, o que foi deferido (3).

(Rio Ilustrado - 1940)

Já em 1941, é solicitado o cancelamento da linha Campo Grande x Escola de Agronomia, também deferido (4). E dessa linha não temos nenhuma informação, mas como ela era no caminho de Ponte Coberta, deve ter sido descontinuada devido a este motivo, ou seja, foi coberta pelos carros da outra linha.

A próxima matéria mostra o esforço da Prefeitura na recolocação dos trilhos para que os bondes voltassem a circular até a Pedra de Guaratiba, onde nesse ano de 1943 só foi atendida pelos ônibus da linha S-51, Campo Grande x Pedra de Guaratiba, da São José.

(A Noite, 15/10/1943)

Essa informação mostra a aprovação no aumento do preço das passagens de duas empresas, sendo uma delas a Viação São José, em 1944. O interessante é que aqui ela já aparece com outra razão social, Viação São José Ltda., mas não sabemos se o antigo proprietário conseguiu novos sócios ou vendeu para outro(s). 

(A Noite, 12/02/1944)

Agora vemos uma faceta desconhecida, pois entendemos que até então a linha era Campo Grande x Pedra de Guaratiba, a S-51, que também atendia a população de Guaratiba. Aqui, porém, mostra que alguma alteração aconteceu, pois narra a existência de uma linha Guaratiba x Pedra de Guaratiba e depois então a da Pedra de Guaratiba x Campo Grande, ou seja, para se deslocar até Campo Grande, havia a necessidade de dois ônibus de duas linhas/empresas (?) diferentes.

(A Noite, 02/03/1944)

Uma ótima notícia para os moradores da região é que no dia após esta matéria, os bondes retornariam a funcionar de Santa Clara à Pedra de Guaratiba. Vejam quantos passageiros transportavam por viagem os ônibus, com a ausência dos bondes!

A má notícia é que talvez os ônibus deixassem de rodar nesta linha, corre notícia. Atentem para o que está escrito na capelinha do ônibus: “ÔNIBUS URBANO”, ao invés do número da linha, pois a São José também fazia linhas interestaduais.

(A Noite, 08/03/1944)

Aqui uma notícia sobre duas multas aplicadas pela PDF, uma delas para a São José. Nessa parte, há um engano do noticiário, pois a multa foi atribuída à linha S-55, a qual fazia Campo Grande x Ilha – Barra de Guaratiba, que foi extinta em 1959, e não Pedra, que era a S-51. A confusão da numeração pode ser óbvia, pois além de Guaratiba, há Pedra de Guaratiba, Barra de Guaratiba, Ilha de Guaratiba e Fazenda de Guaratiba, localidades vizinhas.

(Diário da Noite, 05/05/1944)

Temos uma notificação da empresa, avisando aos moradores que provisoriamente suspenderia a linha Campo Grande x Ilha de Guaratiba, a S-55, devido a dificuldades técnicas e econômicas.

(A Noite, 09/10/1945)

A seguir, reclamações formais de um padre da paróquia local e de moradores, sobre o mau atendimento da empresa.

Em contraproposta vemos que, por sua vez, os bondes ainda não estão atendendo a toda população das cercanias de Guaratiba.

Interessante é que ainda há quem reclame da falta da ‘carne seca’...

(A Noite, 02/09/1946)

Em 1946/47, a empresa operou linhas para Barra do Piraí, Barra Mansa e Angra dos Reis, partindo da Praça Mauá (5).


(A Noite, 09/10/1946)

Segue a decretação de falência da empresa, solicitada pelo juiz da Segunda Vara Cível. Nesse ano a sua garagem era na Estrada da Caroba, nº 1.065, em Campo Grande.

(A Noite, 28/07/1950)

Já neste próximo recorte, temos o mesmo juiz deferindo o pedido de continuação da falida, ou seja, autorizando que a empresa continuasse em operação, só não sabemos em que bases.

(A Noite, 05/08/1950)

Agora temos três imagens de um mesmo ônibus da empresa, na década de 50, fazendo a linha S-55. A foto é posterior a 1954, pois o número de ordem do veículo é da primeira série numérica adotada pela Prefeitura, no caso 116.5X (11653).



Três imagens de ônibus da linha S-55
(acervo do pesquisador Luís Damásio)

Um dos muitos modelos de fichas utilizadas pela empresa, por volta de 1956.


A população reclama dos veículos que circulam na linha para Ponte Coberta, devido aos seus estados de deterioração e solicitam a criação de uma linha de lotações, que atendesse o percurso.

(Diário da Noite, 11/09/1956)

(A Noite, 11/10/1956)

Só temos informações da empresa circulando até 1958, porém a ficha mostrada agora é de modelo/fabricação de 1964, o que garante sua circulação até esse ano. Pelos dizeres/seção da ficha, GUANDU, a linha é com grande certeza a Campo Grande x Ponte Coberta.


Outras linhas operadas pela São José (6):

S-52 – Campo Grande x Carapiá, de 1939 a 1943 e
S-56 – Campo Grande x Barra de Guaratiba - Sepetiba, de 1939 a 1958, extinta em 1959.

Referências:

(1) – Jornal do Brasil, 28/06/1933.
(2) – Jornal do Brasil, 20/01/1934.
(3) – DOU/DF, 11/1940.
(4) – DOU/DF, 02/1941.
(5) – DOU/DF, 1947.
(6) – Livro ‘Guerra de Posições na Metrópole’.

[Pesquisa de Eduardo Cunha e Claudio Falcão]

6 comentários:

  1. Cunha, mais uma vez, trata-se de um espetáculo de resgate histórico sobre esta fantástica Viação São José.... Posso contribuir dizendo que a Viação Mendanha assumiu algumas linhas da São José no início dos anos 50. Lembro que a São José era uma empresa com concessões da capital e do Estado do Rio e isso nos complica em certas deduções quanto a massa falida. Vamos triturando... Parabéns mestre Cunha!!!!

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    1. Prazs, grato pelo elogio a matéria. Sobre as linhas operadas posteriormente pela Mendanha, eu não tenho informações. Se puder me mandar e informar as linhas e datas, eu agradeço. Abraço.

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  2. Creio que a sobrevida da São José tenha sido somente nas linhas antes chamadas de interestaduais.... As da capital foram para a Mendanha e/ou Garcia.

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    1. Pensando pelo aspecto do modelo da ficha (64), concordo com a tua teoria Prazs. Fecha a idéia, pena não termos nada afirmando essas linhas, depois de 60. Abraços,

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  3. Sobre a matéria de 02/031944, eram 3 viagens de Pedra x Cpo Grande e 4 de Cpo Grande x Pedra. Não havia a linha Guaratiba x Pedra, até porque, na prática não teria lógica. Guaratiba é um todo, assim como, Jacarepaguá. Abçs do Prazs.

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    1. Prazs, tens razão, não me toquei sobre esse aspecto, apesar de conhecer como é geograficamente. Vou corrigir, valeu.

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